A escravização pelo capital financeiro
Quando João Xinfrim soube que haviam feito uma divida
bilionária em dólares nos anos 70 para ele pagar agora, ele pensou consigo
mesmo: Não importa, a dívida foi feita há muito tempo. Já se foram mais de três
décadas. Só pode estar paga. Agora é botar o pé no acelerador e vencer a
recessão, que é o que importa no momento, sobretudo quando acabar a pandemia.
Você está completamente enganado, João. A dívida externa
ainda está encravada no coração da economia brasileira, disse Pedro Ferocidade.
Virou dívida interna, pois está escondida pelos bancos no chamado superávit primário. “E o que é
superávit primário?”, perguntou Xinfrim. “P.q.p., homem, você não sabe de nada
mesmo. Pergunte ao Belluzzo”.
E o Belluzzo sabe alguma coisa? “Belluzzo sabe tudo, é um
grande economista brasileiro. Tudo o que ele ensina se resume numa coisa: O
capital financeiro é que estrangula a economia e não deixa ela crescer. São os
grandes bancos privados. Incrivelmente, também os bancos públicos vão no
rastro. Praticam o mesmo tipo de política de juros e de empréstimos.”
Então já não era hora de acabar com isso?, comentou Xinfrim.
Ah, disse Ferocidade, você acha que é fácil assim? Acabar como? Os bancos
compram tudo. Compram Executivo, compram grande parte do Legislativo e
influenciam no Judiciário. É grana demais meu amigo. Para derrubar esse poder
só uma revolução. Mas tem que ser
revolução pacífica, senão perdemos. Em uma palavra, é a revolução
proposta pelo Movimento Popular pela Justiça Social.
Como o dinheiro do pobre vira lucro do rico
Explique melhor essa história de superávit primário, disse
João Xinfrim a Ferocidade. Você sabe que não sou bem da cabeça para entender
essas coisas. “Vai entender logo”, disse Ferocidade. “Superávit primário é
grande parte do dinheiro roubado do trabalhador em favor dos ricos. Isso se
chama mais valia.” “Piorou. O que é mais valia, pois já esqueci essas coisas
que ouvia no chão de fábrica, quando a gente aprendia o que é capitalismo?”
“Mais valia é o que Napoleão suga de você, como trabalhador:
é a diferença entre o que ele ganha explorando seu trabalho e o salário
miserável que você ganha. É isso que é chamado de sistema capitalista. Só que
nosso sistema capitalista não para aí, por causa dos banqueiros. Eles abocanham
parte crescente da mais valia sugada pelo patrão tomando uma porção dos
próprios empresários. O sistema todo é um vírus, e não tem vacina contra ele, a
não ser se a gente entrar para o Movimento Popular pela Justiça Social. Com
esse vamos ter justiça.
– E os patrões, não fazem nada contra os banqueiros? “Não,
são covardes. Eles preferem estrangular os trabalhadores embaixo a entrar em
briga com os banqueiros em cima. Por isso não reclamam dos juros, e deixam os
banqueiros a tirar do povo o que o tal
capital financeiro arranca deles. Assim, o dinheiro surrupiado dos pobres vai
parar no caixa dos bancos, e os bancos pagam deus e o diabo para manter esse esquema
funcionando: empresários covardes, políticos e principalmente imprensa, todos
comprados para segurar os interesses dos
bancos, isto é, os juros altos. E o fato é que, sem algum mecanismo para domar
o capitalismo, isso não vai mudar nunca. Exceto com o Movimento Popular pela
Justiça Social.
A porta de saída da escravização financeira
Você já falou mais de uma vez em Movimento Popular pela
Justiça Social, disse João Xinfrim a Pedro Ferocidade. “O que é isso?” É a grande irmandade popular dos
trabalhadores para escapar da crise e da escravização dos bancos, explicou.
Entrei para ela porque já não aguentava mais de enganação. Diziam que estávamos
numa democracia, mas o fato é que a democracia defendia quase exclusivamente
interesse dos ricos.
– Então a gente tem que acabar com a democracia?, perguntou
Xinfrim. De jeito nenhum, disse Ferocidade. A gente tem que superá-la. Já durou
muito tempo, mais de 200 anos. É a hora de completarmos a democracia com o
socialismo verdadeiro. Em uma palavra, democracia social. Alguns países da
Europa estiveram perto disso, mas foram sufocados pelo chamado neoliberalismo.
Recuaram. Voltaram para trás, devido a manobras políticas dos ricos.
Xinfrim, naturalmente, nunca tinha ouvido falar naquilo. Ao
contrário, diziam pra ele que o ideal de vida era o sistema americano, onde as
pessoas ganhavam mais de acordo com a disposição para competir com ferocidade. “Que nem você?”, perguntou
Xinfrim. “Não, foge diabo. Fiquei feroz justamente por ver tanta injustiça
espalhada pelo mundo. Uns poucos ganhando bilhões e a maioria não ganhando
quase nada”, explicou.
“E o que se deve fazer agora?”, provocou João. Pelo lado
norte-americano nada a fazer: o sistema vai apodrecer aos poucos, exibindo
grandes tragédias sociais fora da economia, como o uso abuso de armas, as
matanças ocasionais em escolas, os ataques terroristas, tudo em nome
liberalismo e do neoliberalismo. Nós teremos mais chances porque ainda não
temos um sistema encravado. Com sorte, levaremos avante o Movimento Popular
pela Justiça Social.